
Quando vírus afetaram a realização de conferências gerais da Igreja
Com o avanço do coronavírus, e o consequente fechamento de templos e capelas, além da restrição ao trabalho missionário em alguns lugares, algumas pessoas se perguntam se seria possível o vírus forçar o adiamento ou cancelamento de uma conferência geral. O que muitos não sabem, é que isto já ocorreu duas vezes na história das conferências gerais.
1919
Às 10 horas da manhã de domingo, 1 de junho de 1919, o Presidente Heber J. Grant foi ao púlpito do Tabernáculo de Salt Lake e abriu a 89ª Conferência Geral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Esta conferência havia sido originalmente agendada para os dias 4 e 6 de abril de 1919, porém, um surto mundial da gripe espanhola fez com que fosse adiada.
Cerca de 2 mil casas foram colocadas em quarentena somente em Salt Lake City naquele ano. Estima-se que 5% da população mundial da época foi vitimada pela doença, que matou até 100 milhões de pessoas.
1957
Foi a primeira e única vez que toda a conferência foi cancelada, devido à epidemia de gripe asiática, que matou até 2 milhões de pessoas. A Primeira Presidência da Igreja emitiu uma mensagem em 27 de setembro de 1957:
“A todos os membros da Igreja,
Com profundo pesar, a Primeira Presidência da Igreja, com a concordância do Quórum dos Doze Apóstolos, anuncia que, por consideração à saúde do povo, a conferência semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, agendada para os dias 4, 5 e 6 de outubro de 1957, juntamente com todas as reuniões planejadas em conexão, não serão realizadas.
Consultamos todos os órgãos públicos à nossa disposição, preocupados com os problemas de saúde e cuja opinião sobre a extensão e os efeitos da gripe epidêmica consideramos úteis na tomada de uma decisão”.
A mensagem da Primeira Presidência também afirmava que, como a conferência atrai membros de todo o mundo, era particularmente imprudente realizá-la.
A declaração, assinada pelo Presidente David O. McKay e seus conselheiros, Presidente Stephen L. Richards e Presidente J. Reuben Clark Jr., concluiu:
“A vida é tão preciosa que o Senhor espera que façamos tudo ao nosso alcance para conservá-la.
Temos certeza de que nosso povo entenderá a relutância que sentimos em renunciar às experiências inspiradoras de uma conferência geral da Igreja e que eles concordarão com a decisão que tomamos em oração”.

Atualmente
Uma epidemia poderia acontecer atualmente, em escala mundial e com tamanho impacto, que chegaria a causar o cancelamento da conferência geral da Igreja? “Ainda é uma possibilidade”, disse Craig R. Nichols, epidemiologista do Departamento de Saúde de Utah.
Com o recente anúncio do cancelamento de reuniões sacramentais e outros eventos da Igreja em algumas partes do mundo, além do fechamento de, até agora, dois templos, devido à epidemia do coronavírus, esta perspectiva não parece tão improvável, caso a doença venha a se alastrar ainda mais, apesar de todos os cuidados e recursos empregados para o seu controle em todo o mundo.
O que aconteceria se, além da conferência geral, os Santos dos Últimos Dias ficassem privados de frequentarem as capelas e templos, como já tem ocorrido em algumas parte do mundo? O irmão Marcus H. Martins, Professor da BYU Hawaii, publicou, em 1998, um artigo intitulado “Ide Por Todo o Mundo: Tendências Tecnológicas e a Igreja SUD no Século 21”, no qual abordou algumas possíveis ajustes que poderiam ser implantados na Igreja com o auxílio da tecnologia, como “Missionários Domésticos”, “Ramos Virtuais”, “Transmissões Virtuais de Conferências Gerais” e o que poderíamos entender como o uso da realidade aumentada nas cerimônias dos templos. Cerca de 22 anos depois, alguns destes recursos já são uma realidade em uso pela Igreja, enquanto outros outros talvez nunca cheguem a serem utilizados.
Porém, muito além do uso tecnologias avançadas, o mais importante recurso que possuímos é a nossa atitude pessoal e familiar em relação ao evangelho. O Vem, e Segue-Me e o aprendizado do evangelho centralizado no lar e apoiado pela Igreja nos ajudam a nos preparar para possíveis situações futuras de restrição.
Fontes: Church News, Deseret News, BYU Hawaii