Machismo x feminismo: a terrível (e inútil) guerra de falsas ideias

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Durante muito tempo, as mulheres foram oprimidas e abusadas em seus anseios de desenvolverem-se pessoal, educacional e profissionalmente. O danoso extremismo autoritário masculino – o machismo -, amplamente disseminado, fez com que até mesmo alguns maridos e pais exercessem um papel similar ao de senhores de escravos dentro de seu próprio lar, exercendo injusto domínio sobre suas esposas e filhas, o que é contrário ao seu papel de provedor da segurança emocional da sua família.

Em oposição a esta triste realidade, outra atitude, não menos extremista e danosa, estabeleceu-se. Sob o pretexto de combaterem a opressão masculina, algumas mulheres criaram outro tipo terrível de violência: o feminismo. Em nome da egoísta motivação de uma pseudoliberdade feminista, muitas mulheres têm deixado a sua natureza divina e negligenciado o seu destino eterno, e algumas esposas têm exercido injusto abandono tácito do lar, do esposo e dos filhos, o que é contrário ao seu papel de coprovedora da segurança emocional da sua família.

Como consequência desta competição egoística, a família é atacada por todos os lados. Muitos têm preferido não constituir família, por não suportarem a ideia de ter que “dar satisfação” ao cônjuge. Outros, casam-se, mas preferem não ter filhos, por quererem ser livres de qualquer responsabilidade. Outros ainda, mesmo casados e com filhos, envolvem-se em toda sorte de causas alheias aos interesses da manutenção do caráter sagrado da família, negligenciando seu tempo e cuidados aos seus. Infelizmente, o resultado de todas estas atitudes são lares desfeitos ou desajustados, com filhos que crescem desprovidos dos cuidados emocionais básicos de pais que não se respeitam.

A Igreja de Jesus Cristo nunca apoiou esta guerra dos sexos: nem a tirania exercida por homens em relação às mulheres, nem a auto-degradação feminina como “contra-ataque” aos homens. O evangelho de Jesus Cristo condena ambas as práticas.

A busca desenfreada por uma independência pessoal utópica e desnecessária é baseada na falta do respeito por si mesmo e pelo outro, e na intenção não declarada, de ambos os lados, de exercerem controle sobre as vontades e ações do outro.

O respeito mútuo começa pelo autorrespeito e deve ser a base do estabelecimento dos relacionamentos entre homens e mulheres. Quando fundamentado nos ensinamentos de Jesus Cristo, estes relacionamentos não produzem superiores ou inferiores, mas iguais, com identidade própria, porém, mutuamente dependentes, em processo constante de fusão plena de objetivos e sentimentos, mentes e corações.

Como esta plena união deve ser a força motriz e, ao mesmo tempo, a meta final do relacionamento conjugal entre um homem e uma mulher, é falsa a ideia de independência, pois a mulher é dependente do homem e o homem é dependente da mulher. Paulo definiu esta verdade de modo bem simples e direto: “Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher, sem o homem, no Senhor.”11 Coríntios 11:11

Há aqueles que, ao lerem esta escritura, dizem que este tipo de relacionamento conjugal será alcançado plenamente apenas na Exaltação, e não nesta vida terrena. É verdade. Porém, também é verdade que certamente não haverá Exaltação alguma para quem insistir em ser “independente” do cônjuge aqui neste tempo de provação terrena. O tipo de relacionamento que haverá entre os casais na Glória Celestial não surgirá “do nada”, mas será a continuação da confiança, bondade e tolerância cultivadas permanentemente na vida conjugal, nesta vida terrena.2Alma 41:3-4

A união entre o homem e a mulher é ordenada pelo Senhor, que fala sobre isto no imperativo: “Portanto, deixará o homem seu pai e sua mãe e apegar-se-á a sua mulher; e eles serão uma carne.”3Abraão 5:18 A expressão “uma carne” não deixa margem para individualismos egoístas. Não permitir que esses individualismos existam em seu lar, deve ser uma meta familiar. Antes, porém, deve ser uma meta pessoal não ter este tipo de sentimento em sua mente e em seu coração. O alcance desta meta inicia-se pelo entendimento – e respeito mútuo – das diferenças físicas e emocionais naturalmente existentes entre homens e mulheres. Usar quaisquer destas diferenças divinamente atribuídas como desculpa para uma atitude que traz desarmonia, desrespeito ou tentativa de subjugar o outro, é agir como o mundo age.

O Presidente Henry B. Eyring afirmou: “Onde há egoísmo, as diferenças naturais entre homens e mulheres frequentemente os dividem. Onde há altruísmo, as diferenças tornam-se complementares e oferecem oportunidades de ajudar e edificar um ao outro. Os cônjuges e os membros da família podem elevar uns aos outros e progredir juntos se eles se preocuparem mais com os interesses dos outros do que com seus próprios interesses.”4Presidente Henry B. Eyring, O Renascimento do Casamento: Tornar-se Um, A Complementaridade do Homem e da Mulher: Um Conferência Inter-Religiosa, Cidade do Vaticano, Roma, 18 de novembro de 2014

Às vezes, essa atitude mesquinha pode se dar de modo muito sutil, sem alarde, e mesmo sem uma percepção clara. A pessoa pode até mesmo ter boas intenções em suas ações, mas, na verdade, alimentará um ambiente de disputas injustas com o sexo oposto. Uma dessas “sutilezas” é o mal uso do natural e correto anseio do ser humano pela liberdade. O desejo de “ser livre” ou “independente” é algo muito bom. Contudo, se não for visto da perspectiva correta e colocado sob a visão da eternidade, mesmo este desejo justo pode se transformar em um problema para o homem e para a mulher, em qualquer fase da sua vida. Quando se casam, o homem e a mulher podem ser erroneamente levados a crer que perderam a sua liberdade. Na verdade, a liberdade reside no fazer o que é correto. E, quando se assume o compromisso do casamento, o correto a fazer é agir dentro dos limites desse compromisso. Ambos devem lembrar-se de suas responsabilidades e dos convênios que fizeram com seu cônjuge. E que, agora, devem ser “um”.

Como afirmou Paulo, “a mulher é a glória do homem”51 Coríntios 11:7. Como pode a mulher ser a glória de seu marido, se desejar não “dever satisfação” a ele? Como o pode o marido ter a glória que somente sua esposa pode lhe oferecer, se desejar não “dever satisfação” a ela? Em Provérbios, lemos que “a mulher virtuosa é a coroa do seu marido”.6Provérbios 12:4 Pode porventura a coroa reinar sozinha sobre o trono? Não precisa, a coroa, de um rei em quem possa repousar, sendo ela o símbolo maior do seu poder? E, pode porventura haver um rei sem coroa que lhe adorne e que lhe seja por símbolo maior de seu poder?

Outra armadilha sutilmente colocada no caminho é a desvalorização das funções divinamente designadas para cada sexo. O homem, provedor da família. A mulher, cuidadora da família. Quando estas funções distintas são apreciadas e valorizadas, por si mesmo e pelo outro, não há qualquer chance de o homem ou a mulher exercerem ação injusta um para com o outro, porque ambos serão importantes, cada um na sua função, habilidade e designação natural, apoiando-se mutuamente.

O Presidente Howard W. Hunter disse: “Um portador do sacerdócio aceita a esposa como sócia na liderança do lar e da família, com pleno conhecimento e participação em todas as decisões domésticas. Deve haver necessariamente na Igreja e no lar um oficial presidente. Por designação divina, a responsabilidade de presidir a casa repousa sobre o portador do sacerdócio. O Senhor pretendia que a esposa fosse uma coadjutora do homem (o prefixo “co” indica companhia, fazer em conjunto); isto é, uma companheira capaz e necessária em completa parceria. Presidir em retidão requer uma divisão de responsabilidades entre marido e mulher; juntos agem com conhecimento e participação em todos os assuntos familiares. O homem que age independentemente, não considera os sentimentos e conselhos da esposa no governo da família, exercendo, então, injusto domínio.”7Howard W. Hunter, Sede Pais e Maridos Justos, Conferência Geral de Outubro de 1994

Falando sobre a maior responsabilidade dada às mulheres pelo Senhor, a Primeira Presidência ensinou: “A maternidade está próxima da divindade. É o mais elevado, o mais santo trabalho a ser realizado pela humanidade. Ela coloca a mulher que honra seu santo chamado e serviço próxima dos anjos.”8Conference Report, Outubro de 1942, citado por Presidente Boyd K. Packer, Para Esta Vida e para Toda a Eternidade, Conferência Geral de Outubro de 1993

É claro que homens e mulheres não estão condicionados a apenas agirem nas áreas de sua responsabilidade principal, pois que isso seria como departamentalizar a família. Embora seja sua responsabilidade prover o sustento temporal de sua família, o homem tem igual responsabilidade em auxiliar a sua esposa na imensa tarefa de cuidar dos filhos e do lar. Como ensinou o Presidente Howard W. Hunter: “Vós, como companheiros amorosos, deveis também cuidar dos filhos. Ajudai vossa esposa a administrar e conservar o lar. Ajudai a ensinar, treinar e disciplinar os filhos.”9Howard W. Hunter, Sede Pais e Maridos Justos, Conferência Geral de Outubro de 1994

De igual modo, embora a mulher tenha a divina missão de cuidar do lar e dos filhos, ela deve desenvolver-se educacional e profissionalmente, não apenas pela justa satisfação da sua necessidade de desenvolvimento pessoal, mas também em preparação para eventuais momentos de necessidade da família.

Na Pérola de Grande Valor, somos informados sobre qual foi a atitude de Eva para com Adão: “(…) Adão começou a lavrar a terra e a exercer domínio sobre as bestas do campo e a comer o pão com o suor de sua fronte, como eu, o Senhor, lhe ordenara: E Eva, sua mulher, também trabalhava com ele.”10Moisés 5:1 Vejam que Eva era uma ajudadora de Adão. Creio que ela, dadas as circunstâncias em que viviam, tenha também trabalhado na lavoura ou em alguma outra tarefa para a qual Adão necessitasse de ajuda. Contudo, acredito firmemente que o maior trabalho que Eva desenvolveu foi dentro do seu lar, ensinando, cuidando e nutrindo cada filho seu.

É justo que as mulheres trabalhem e auxiliem seu esposo nas despesas do lar, quando há uma necessidade para a manutenção da sobrevivência da família. Porém, quando não há realmente essa necessidade, é necessário avaliar cuidadosamente se é justo deixar seu lar e filhos sem a sua presença e sem a segurança emocional que esta presença traz.

É fácil acreditar que se está fazendo algo pela família, quando, na realidade, se está apenas buscando mais conforto material. Não é da cor dos móveis novos que os filhos vão lembrar no futuro, mas do amor e cuidado de pais bondosos no lar. Talvez seja ainda pior se a razão for o desejo de um dos cônjuges (ou ambos) de manter uma independência financeira pessoal, adotando a política de “minhas contas não são da sua conta”, com uma separação de fato das questões financeiras.

O documento A Família: Proclamação ao Mundo ensina: “Segundo o modelo divino, o pai deve presidir a família com amor e retidão, tendo a responsabilidade de atender às necessidades de seus familiares e de protegê-los. A responsabilidade primordial da mãe é cuidar dos filhos. Nessas atribuições sagradas, o pai e a mãe têm a obrigação de ajudar-se mutuamente, como parceiros iguais.”11A Família: Proclamação ao Mundo, Proclamação da Primeira Presidência e do Conselho dos Doze Apóstolos, proferida em 23 de setembro de 1995 em Salt Lake City, Utah. Esse equilíbrio de forças e responsabilidades traz ao homem e à mulher a verdadeira união, sem competições, supervalorizações ou desmerecimentos de tarefas.

Quando um assunto alheio aos interesses da família toma o tempo e a atenção de um dos cônjuges, isto pode ser mais uma das maldosas armadilhas do inimigo, disfarçada de boa causa. É evidente que podemos nos envolver em muitas boas causas. Porém, é preciso ter o cuidado de se verificar se aquilo está tomando o lugar da família e se está se tornando uma prioridade acima dela.

O Senhor Jesus Cristo declarou: “Amarás tua esposa de todo o teu coração e a ela te apegarás e a nenhuma outra.”12Doutrina e Convênios 42:22 E o Presidente Spencer W. Kimball ensinou: “As palavras ‘nenhuma outra’ eliminam tudo e todos. O cônjuge então se torna preeminente na vida do marido ou esposa, e nem a vida social, nem profissional ou política, nem qualquer outro interesse, pessoa ou coisa jamais terá prioridade sobre aquele ou aquela que se escolheu como companheiro ou companheira desta vida e de toda a eternidade.”13Presidente Spencer W. Kimball, O Milagre do Perdão, Bookcraf, 1969, p. 241

Não há sabedoria e não há respaldo nas escrituras ou nas palavras dos profetas vivos para qualquer atitude de disputa injusta e inadequada entre homens e mulheres. Nenhum dos sexos precisa provar que é melhor que o outro, ou que pode virar-se muito bem sozinho, ou que não precisa do outro, porque o próprio Senhor já declarou que ambos são importantes e necessários, na mesma medida.

Aos homens, a quem cabe a liderança141 Coríntios 11:3 e sobre quem repousa a responsabilidade de conduzir com sabedoria a sua família, é importante que tomem o cuidado de não colocarem suas esposas em uma posição de inferioridade, não permitindo que se sintam diminuídas de qualquer forma e por motivo algum. Como alertou o Presidente Howard W. Hunter a todos os homens: “Deveis mostrar regularmente a vossos filhos e a vossa esposa que a honrais e respeitais. Na verdade, uma das maiores coisas que um pai pode fazer pelos filhos é amar a mãe deles.”15Howard W. Hunter, Sede Pais e Maridos Justos, Conferência Geral de Outubro de 1994

O Presidente Gordon B. Hinckley disse aos homens: “Vossa é a básica e inevitável responsabilidade de estar à cabeça da família. Isto não implica ditadura ou domínio injusto. Há somente uma determinação de que os pais provejam as necessidades de suas famílias. Tais necessidades são mais que alimento, vestuário e abrigo. Incluem o direcionamento reto e o ensinamento, pelo exemplo e por preceito, dos princípios básicos da honestidade, integridade, serviço, respeito aos direitos alheios e um entendimento de que somos responsáveis pelo que fizermos nessa vida, não somente perante os outros, mas também perante Deus, nosso Pai Eterno.”16Presidente Gordon B. Hinckley, Educai a Criança no Caminho Que Ela Deve Seguir, Conferência Geral de Outubro de 1993

A liderança no lar não é desenvolvida e aplicada com base no modelo mundano de superioridade egoísta. A verdadeira liderança é baseada no amor, na compreensão e na igualdade de oportunidades, aliados ao respeito às diferenças físicas e emocionais existentes entre homens e mulheres. Quando a liderança do homem no lar é exercida de modo injusto, estas diferenças são ressaltadas com o objetivo de desvalorizar o outro. Quando a liderança do homem no lar é exercida nos parâmetros estabelecidos pelo Senhor, as diferentes características e responsabilidades existentes entre o homem e a mulher serão motivos de alegria, pois cada um contará com o outro como um complemento para vencer o que lhe for uma limitação natural.

As falsas ideias do machismo ou do feminismo são instrumentos do inimigo de nossas almas, com o objetivo de destruir a família, que é essencial ao Plano de Deus. Nenhuma proeminência pessoal, nenhuma satisfação mundana, nenhum reconhecimento, por mais justo e merecido que seja, é mais importante que a manutenção e proteção da família, único meio de alcançarmos nosso maior potencial eterno. Como ensinou o Presidente David O. McKay: “Nenhum sucesso compensa o fracasso no lar.”17Presidente David O. McKay, Conference Report de Abril de 1935

Referências
Referências
1 1 Coríntios 11:11
2 Alma 41:3-4
3 Abraão 5:18
4 Presidente Henry B. Eyring, O Renascimento do Casamento: Tornar-se Um, A Complementaridade do Homem e da Mulher: Um Conferência Inter-Religiosa, Cidade do Vaticano, Roma, 18 de novembro de 2014
5 1 Coríntios 11:7
6 Provérbios 12:4
7 Howard W. Hunter, Sede Pais e Maridos Justos, Conferência Geral de Outubro de 1994
8 Conference Report, Outubro de 1942, citado por Presidente Boyd K. Packer, Para Esta Vida e para Toda a Eternidade, Conferência Geral de Outubro de 1993
9 Howard W. Hunter, Sede Pais e Maridos Justos, Conferência Geral de Outubro de 1994
10 Moisés 5:1
11 A Família: Proclamação ao Mundo, Proclamação da Primeira Presidência e do Conselho dos Doze Apóstolos, proferida em 23 de setembro de 1995 em Salt Lake City, Utah.
12 Doutrina e Convênios 42:22
13 Presidente Spencer W. Kimball, O Milagre do Perdão, Bookcraf, 1969, p. 241
14 1 Coríntios 11:3
15 Howard W. Hunter, Sede Pais e Maridos Justos, Conferência Geral de Outubro de 1994
16 Presidente Gordon B. Hinckley, Educai a Criança no Caminho Que Ela Deve Seguir, Conferência Geral de Outubro de 1993
17 Presidente David O. McKay, Conference Report de Abril de 1935

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