
Conta as bênçãos, conta quantas são!
Enviado por Rubens Prado, de Aracaju, Sergipe
Em Sua mensagem que ficou conhecida como o “Sermão da Montanha”, o Salvador Jesus Cristo ensinou a nós, Seus discípulos, que devemos amar nossos inimigos, bendizer os que nos maldizem, fazer o bem aos que nos odeiam e orar pelos que nos maltratam e perseguem. Ele explicou que este comportamento é necessário para que sejamos contados como filhos do Pai, e justificou isto lembrando que o Pai Celestial “faz que o seu sol se levante sobre os maus e os bons, e a chuva desça sobre os justos e os injustos”.(1)
Ora, se o próprio Pai Celestial dá a chuva e o sol igualmente para maus e bons, justos e injustos, quanto mais nós, Seus filhos, devemos tratar a todos com bondade e generosidade, independentemente do que recebemos em troca ou de como somos tratados.
Esta lição, infelizmente, nem sempre é compreendida, principalmente no que diz respeito à distribuição das bênçãos divinas, que parece, em certos momentos, favorecer aos infiéis mais que aos fiéis. Especialmente quando as bênçãos envolvidas são de natureza financeira ou material – e não algo sem qualquer controle da ação humana, como o sol e a chuva -, muitos de nós não entendem como “homens do Senhor” padecem, enquanto “homens mundanos” prosperam. Geralmente pensamos: “Sirvo a Senhor, sou obediente, sou fiel, deveria estar blindado contra todo o mal, tanto físico, quanto emocional, financeiro, etc. Os demais deveriam sofrer.” Esse é o senso comum. Eu e você já pensamos exatamente dessa maneira.
Quando as bênçãos dos fiéis parecem demorar, a questão por trás desse pensamento é: qual a vantagem agora de servir ao Senhor, se não recebo bênçãos já, mas somente tenho a promessa de recebê-las na eternidade? Esta é uma questão errônea. Na verdade, muitas vezes não conseguimos vislumbrar as bênçãos da eternidade e nem mesmo as muitas coisas boas que já temos nas mãos. Mas esta vida passa rápido e, se não reconhecermos estas bênçãos, não as valorizaremos e não desfrutaremos realmente o que já temos.
O nosso Salvador preparou, sim, muitos galardões para recebermos enquanto passamos por essa vida.(2) Mas, para conseguirmos reconhecê-los, precisamos compreender algo importante: Se pararmos para pensar bem, de acordo com a escritura que lemos acima, ser abastado e viver confortavelmente ou passar por apertos e dificuldades, não tem nada a ver com servir fielmente. O sol e a chuva virão para justos e injustos. O que nos traz a prosperidade (ou não) é a compreensão e a prática de certos princípios (ou a falta de compreensão e prática deles).
Veja o exemplo de Jó, “homem íntegro, reto e temente a Deus e [que] desviava-se do mal”(3). Justo, ele era totalmente conectado ao céu, acordava pela madrugada e orava, diariamente. Mas, ainda assim, enfrentou sérios problemas. A primeira notícia que ele recebeu foi de que todo o seu gado havia sido morto. Logo após, outra notícia, de que ele havia perdido os seus filhos. Além de tudo isso, ele contraiu uma doença que fazia sua carne apodrecer. Ele perdeu praticamente tudo, no mesmo dia! Jó não perdeu um emprego, um amigo, ou um pertence qualquer. Foi uma perda gigante, apesar de ser um homem muito espiritual.
O Senhor não vai evitar que as coisas ruins aconteçam em nossa vida. Ele é sobrenatural, as coisas que nos acontecem são naturais. Pessoas fiéis ao Evangelho e à Igreja podem perder o emprego, podem ter câncer e, com certeza, vão morrer! O Senhor nos ensina a lidar com as dores da vida e não a nos livrar delas. A dor nos dá dois caminhos: Sofrimento ou crescimento. É o modo como encaramos a dor que determinará o caminho que trilharemos, se do sofrimento ou do crescimento. É uma escolha, uma decisão de cada um de nós. O real problema não é o que acontece conosco e, sim, o que fazemos com aquilo que nos acontece. Autorreflexão, autoavaliação e introspecção são fundamentais!
Naturalmente, não sabemos muito bem como lidar com as dores e as perdas. Mas elas existem para nos ensinar a aprender com tudo isso, para nosso crescimento e amadurecimento. As nossas decisões trarão esse desenvolvimento. No caso de Jó, ele recebeu tudo de volta, em dobro! Problemas acontecem para justos e injustos, mas devemos lembrar que, para os justos, sempre haverá um milagre, sempre haverá uma saída, sempre haverá uma salvação. Existe a certeza de um futuro brilhante somente para aqueles que são fiéis. Por isso vale a pena ser fiel! A chuva vai cair para bons e maus, mas, quando os bons permanecem firmes, confiando no Senhor e aprendendo a lidar com as aflições, o melhor estará por vir. Ele aliviará o fardo, Ele dará um destino glorioso para aqueles que são fiéis.
Algo importante de compreendermos é que a pior escolha que podemos fazer é a vitimização, pois o vitimismo pode levar à depressão. A melhor reação às dificuldades é o aprendizado, é entender que, nesse mundo natural, coisas naturais acontecerão (desemprego, perdas, decepções, etc.). Os Apóstolos estavam com Jesus, dentro do mesmo barco, quando veio a tempestade. Apesar de estarem no mesmo barco que o Mestre estava, eles ficaram aflitos, em pânico. E com o Cristo ali, ao lado deles! Com uma única ordem do Salvador Jesus Cristo, toda a tempestade passou em um segundo.(4) Às vezes, estaremos ao lado de Jesus e a tempestade virá mesmo assim. Qual será a nossa reação? Pânico ou confiança em Seu poder de nos salvar?
Tudo o que já nos aconteceu, o acontece conosco agora e o que ainda nos acontecerá, é para o nosso verdadeiro aprendizado. Não importa a nossa situação, o Senhor tem um propósito grandioso para nós, no momento Dele. Que usemos tudo o que nos acontece para crescermos e aprendermos, sem reclamar, sem murmurar, sendo gratos. Esse amadurecimento na fé nos levará ao nosso melhor momento, à melhor fase de nossa vida. Apegar-nos ao Senhor fará toda a diferença, fará aparecer uma luz, seja por meio de uma escritura, de alguém ou de algo que transformará o nosso momento e a nossa vida. Tudo o que passamos é, na verdade, parte do treinamento para que nos tornemos quem devemos ser.
Pessoas nos ferem, pessoas nos curam. Livrar-nos dos desafios e problemas não é o objetivo e, sim, nos fortalecer para atravessarmos todos esses desafios. Se o Senhor livrasse Davi do leão e do urso(5), como ele teria a coragem para enfrentar Golias?(6) E, ao enfrentar Golias, seu nome foi escrito na história! Quando os “Golias” aparecerem em nossas vidas, isto é para nos fazer crescer e brilhar. Nossa maturidade de hoje tem muito a ver com os desafios que enfrentamos no passado. A dor nos ensina, e, se formos sábios, aproveitaremos essa dor para o nosso progresso.
O Senhor é perfeito e todo o Seu plano consiste em nos fazer grandes e termos tudo em abundância. Devemos estudar, buscar qualificação, treinamento. Isso o Senhor não fará por nós, mas, quando fizermos a nossa parte, ele fará a Dele e, então, uma porta se abrirá no lugar que menos esperamos. O Senhor nos ama, e Ele está ciente de tudo sobre nós. Nosso aprendizado poderá ser usado por nós, no futuro, para ensinarmos outros a lidarem com suas dores e perdas. A palavra chave da vida é perseverar, pois a tempestade virá, o “Golias” virá, mas a vitória é certa, basta acreditar. O Senhor está no controle, e tudo tem um propósito divino de ser.
Referências
(1) Mateus 5:44-45
(2) Doutrina e Convênios 78:17-19
(3) Jó 1:1
(4) Lucas 8:22-25
(5) I Samuel 17:34-37
(6) I Samuel 17:46