
A alegoria da tartaruga marinha
Enviado por Alesanco Calíope, de Salt Lake City, Utah
Alguns anos atrás, enquanto morávamos em Aracaju, fizemos um passeio em família para o litoral Norte de Sergipe, à cidade de Pirambu, onde fica uma das bases do Projeto Tamar(1), que é dedicado à proteção e preservação das tartarugas marinhas.
Nosso passeio foi acompanhado por um grupo de biólogos que explicavam características comportamentais e sobre as espécies de tartarugas encontradas no litoral brasileiro. Para nossa sorte, pudemos acompanhar a eclosão dos ovos em um ninho monitorado pelo projeto, um momento único para nossa família. As crianças ficaram encantadas! Enquanto presenciávamos aquele momento, ouvimos um dos biólogos dizer: “Não falta isso! Solte a tartaruga!” Olhamos e vimos que uma das crianças havia segurado um filhote e o estava levando em direção ao mar. O biólogo então explicou que aquele esforço dos filhotes, de se arrastarem na areia até o mar, é extremamente importante para o desenvolvimento motor e respiratório dos animais, e que, ao fazer aquilo, a criança poderia prejudicar o desenvolvimento os pequenos filhotes.
Ao pensar naquela experiência, ponderei sobre as semelhanças do que pudemos observar naquele evento com a nossa vida terrena e nomeei esse aprendizado de “A Alegoria da Tartaruga Marinha”.
Nessa alegoria temos três personagens: o biólogo, o turista e a tartaruga. Aprender sobre esses personagens é importante e interessante porque, no decorrer da vida, todos desempenharemos esses papéis.
A Tartaruga
Assim como os filhotes de tartaruga, cada um de nós nasce nessa vida com um propósito Divino de progredir e chegar ao “mar” (nosso destino eterno). O trajeto até lá é extenso e difícil, com ameaças que podem nos privar de alcançar nosso objetivo, porém os biólogos estão lá para auxiliar e nos orientar nessa caminhada tao importante.
O Turista
Assim como o menino bem intencionado que queria levar o pequeno filhote rapidamente para o mar, às vezes tentamos resolver situações tendo como base apenas nosso próprio desejo e vontade, não levando em consideração as orientações do biólogo (Pai Celestial). Nossas boas intenções aqui na Terra não são suficientes para nos conduzirmos ou para conduzirmos a outros rumo ao progresso eterno. O Senhor nos faz essa promessa: “E é meu propósito suprir a meus santos, pois todas as coisas são minhas. Mas é necessário que seja feito a meu modo”.(2) Precisamos todos fazer o percurso na “areia”, nos “arrastando” com grande esforço, o que nos proporcionará as experiências necessárias para o nosso desenvolvimento espiritual.
O Biólogo
Em algum momento, pode ser que desempenhemos o papel de biólogos na vida de alguém, sejam nossos familiares ou pessoas que lideramos na Igreja. Nessas situações, temos grande responsabilidade ao orientar os “turistas” e cuidar das “tartarugas” em seus desafios diários. Porém, acima dessas responsabilidades, temos em comum um biólogo celestial, ou melhor dizendo, nosso Pai Celestial. Ele sabe todas as coisas, conhece o fim desde o começo, nossos desejos, nossas fraquezas, nossos talentos, nossos medos e nossas virtudes e, sem dúvida, sabe o trajeto exato e correto em direção ao nosso destino Divino. Ele, que é sabedor de todas as coisas e que tem um amor infinito por todos nós, a ponto de dar “o seu Filho Unigênito”(3) para que nascesse nessa Terra, sofresse e expiasse, pagando um alto preço a fim de proporcionar a mim e a cada um dos habitantes desse mundo a possibilidade de retorno ao lar celeste, para assim viver com Eles “em um estado de felicidade sem fim”(4). Como ensinou o Presidente Spencer W. Kimball: “Vocês foram enviados à Terra não apenas para ter momentos agradáveis e satisfazer seus desejos, anseios e paixões. Foram enviados à Terra, não apenas para andar de carrossel, avião, automóvel e desfrutar do que o mundo chama de ‘diversão’. Foram enviados a este mundo com um propósito muito sério. Foram enviados à escola (…) para iniciar como uma criança humana e crescer em sabedoria, juízo, conhecimento e poder até um nível inacreditável. É por isso que não podemos satisfazer-nos meramente com o ‘gosto disso ou quero aquilo’. É por isso que em nossa infância e juventude precisamos crescer, desenvolver-nos, lembrar-nos e preparar-nos para a vida futura, quando as limitações terão fim e poderemos progredir para sempre.”(5)
Qualquer que seja nosso papel nesse determinando momento de nossas vidas terrenas, que jamais esqueçamos de seguir as orientações do nosso biólogo, nosso Pai Celestial que nos ama, nos conhece e, sobretudo, anseia para nos encontrar em um estado de graça e felicidade eterna.
Referência
(1) Projeto Tamar, Base Pirambu, Reserva Biológica de Santa Isabel
(2) Doutrina e Convênios 104:15-16
(3) João 3:16
(4) Mosias 2:41
(5) Presidente Spencer W. Kimball, “The Matter of Marriage”, Devocional do Instituto de Religião da Universidade de Utah, em 22 de outubro de 1976 (tradução livre).