
Ministrar um a um
Enviado por Bruna Lima, de Aracaju, Sergipe
O Presidente Russel M. Nelson disse: “Durante uma vida inteira de serviço nesta Igreja, aprendi que realmente não importa onde servimos. O importante para o Senhor é como servimos.”1Presidente Russell M. Nelson, “Ministrar com o poder e a autoridade de Deus”, conferência geral, abril de 2018
O Salvador é o nosso exemplo perfeito de como devemos servir ao próximo e ministrar com amor. Ele sempre esteve ciente das necessidades daqueles ao Seu redor e nos ensinou isso ao ministrar um a um. Esse é um dos principais pontos de Sua vida. Usarmos nosso tempo para ministrarmos uns aos outros é uma forma de fazermos exatamente o que Cristo fez, ou seja, estarmos cientes das necessidades dos que estão ao nosso redor, de modo individual.
O Evangelho de Jesus Cristo nos ensina a ministrar às pessoas, mas não define um roteiro para isso. A ministração deve ser focada nas pessoas e não nas tarefas ou em uma obrigação a ser cumprida. Devemos fazer esse trabalho buscando a orientação do Espírito Santo sobre como ministrar.
Em 2016, o Élder Jeffrey R. Holland compartilhou a história de do irmão Troy e sua esposa Deedra Russell. Ele disse que “Troy Russell saía lentamente de sua garagem com sua caminhonete para doar mercadorias para a Indústria Deseret de sua cidade. Ele percebeu que o pneu traseiro tinha passado por cima de algo. Imaginando que algum item havia caído da caminhonete, ele saiu e encontrou seu precioso filho de 9 anos de idade, Austen, caído no chão. Os gritos, a bênção do sacerdócio, a equipe de paramédicos e a equipe do hospital foram, nesse caso, em vão. Austen tinha partido. “
O relato continuou com o Élder Holland ressaltando que, “sem conseguir dormir, sem conseguir encontrar paz, Troy estava desolado. Ele disse que isso era maior do que ele podia suportar e que simplesmente não seria capaz de continuar. Mas, durante aquele momento angustiante, três forças redentoras surgiram. A primeira foi o amor e o espírito consolador de nosso Pai Celestial, uma presença transmitida por meio do Espírito Santo que consolou Troy, que lhe ensinou, que demonstrou amor e que sussurrou que Deus sabe tudo sobre a perda de um filho perfeito e belo. A segunda foi sua esposa, Deedra, que carregou Troy nos braços, que demonstrou amor e que lhe lembrou que ela também tinha perdido o filho e que estava determinada a não perder o marido também. E a terceira força nesta história é John Manning, um mestre familiar [ministrador] extraordinário.
Élder Holland concluiu a história afirmando: “Para ser sincero, não sei que tipo de cronograma John e seu companheiro júnior tinham quando visitaram a família Russell, ou qual mensagem eles deram quando chegaram lá, ou como eles relataram a experiência. O que sei é que, no semestre passado, o irmão Manning estendeu a mão e ergueu Troy Russell da tragédia que acontecera naquela entrada da garagem, como se ele estivesse erguendo o pequeno Austen em pessoa. Como o mestre familiar, o atalaia, ou o irmão no evangelho que ele deveria ser, John simplesmente assumiu a responsabilidade do sacerdócio e o cuidado para com Troy Russell. Ele começou dizendo: ‘Troy, Austen quer que você se restabeleça — inclusive na quadra de basquete —, então passarei aqui todas as manhãs às 5 horas e 15 minutos. Fique pronto, porque não quero entrar para acordá-lo — e sei que Deedra também não quer que eu faça isso’.
“‘Eu não queria ir’, contou Troy posteriormente ao Élder Holland, ‘porque eu sempre levava Austen comigo pela manhã e sabia que as lembranças seriam muito dolorosas. Mas John insistiu, então fui. Desde o primeiro dia, nós conversávamos — ou melhor, eu falava — e John ouvia. Eu falava durante todo o trajeto até a igreja e de volta para casa. Às vezes eu falava dentro do carro parado na entrada da garagem e via o nascer do sol sobre Las Vegas. No começo foi difícil, mas com o tempo percebi que tinha encontrado forças na forma de um lento jogador de basquete amador, de 1,88 m de altura, com um arremesso absolutamente patético, que me amava e que me ouviu até que o sol finalmente despontou em minha vida’.”2Élder Jeffrey R. Holland, “Emissários da Igreja”, conferência geral, outubro de 2016
Certamente, o fato de o irmão Troy ter sido ouvido e ministrado em suas necessidades – individualmente -, fez toda a diferença.
O Salvador quer que observemos, busquemos inspiração e então façamos algo. Um a um, a cada pessoa de acordo com suas necessidades. Não há uma fórmula para ministrar e a ministração não pode ser encontrada em um molde. Ministrar é ação. Ministrar é demonstrar o puro amor de Cristo da maneira que o Senhor nos inspirar a fazê-lo.
Falando sobre a ministração, o Élder Jeffrey R. Holland nos ensinou que “temos uma oportunidade enviada pelo céu de demonstrarmos a religião pura diante de Deus – de carregar os fardos uns dos outros para que se tornem leves, de consolar aqueles que precisam de consolo.”3Élder Jeffrey R. Holland, “Estar com [eles] e fortalecê-los”, conferência geral, abril de 2018
O propósito da ministração é ajudar o próximo a achegar-se a Cristo e sentir Seu amor, para que haja um senso de união entre todos, para que se fortaleçam e se elevem uns aos outros.
Em algumas vezes, ministrar será deixar o celular de lado, ouvir e prestar atenção ao redor, a alguém que precisa ser ouvido ou que precisa de ajuda. Em outras vezes, ministrar será usar a tecnologia para se comunicar com quem não está fisicamente distante, para falar sobre uma mensagem de Cristo. Em todas as vezes, ministrar será ser amigo de alguém. Há muitas situações que nos convidam a servir ao próximo. Procurar servir de modo individual e sincero é a ministração que Cristo ensinou.
A designação de ministrar nos dá o direito de receber inspiração e podemos buscá-la sabendo que Deus nos responderá, porque Ele sabe o que cada um de nós precisa e Ele é capaz de usar outras pessoas para ter Seus propósitos cumpridos. Não são grandes ações, mas simples atos de serviço que podem causar um impacto profundo. Não se trata de uma lista de nomes e tarefas a cumprir, porque a verdadeira ministração acontece de modo genuíno.
O Élder Henry B. Eyring disse: “Vocês sentirão o amor que Deus tem por vocês e pela pessoa a quem servirem por Ele. Ao ajudar os filhos de Deus durante as provações deles, suas próprias provações vão se tornar mais leves. Sua fé aumentará e seu testemunho se fortalecerá.”4Presidente Henry B. Eyring, “Ama, ama, ama”, conferência geral, outubro de 2018
Ministrar é agir no discipulado. É seguir o Salvador e fazer o que Ele fez, seguindo o exemplo que Ele deixou. É seguir a doutrina de Cristo. O Livro de Mormon relata que os homens justos “zelavam por seu povo e edificavam-no com coisas pertinentes à retidão”.5Mosias 23:18
Jesus Cristo nos ensinou pelo exemplo o que significa ministrar. Ele sorriu para as pessoas, falou, ouviu e encontrou tempo para elas. Cristo serviu aos desconhecidos e àqueles que amava. Quando nosso coração está aberto para incluir, incentivar e consolar, o poder da ministração estará à vista.
O resultado da ministração é uma unidade de sentimento como descrita no Livro de Mormon: “E aconteceu que não havia contendas na terra, em virtude do amor a Deus que existia no coração do povo. E não havia invejas nem disputas (…); e certamente não poderia haver povo mais feliz entre todos os povos criados pela mão de Deus.”64 Néfi 1:15-16
O Presidente M. Russell Ballard nos ensinou que “grandes coisas são realizadas por meio de simples e pequenas coisas. (…) Nossos pequenos e simples atos de bondade e serviço vão-se acumular em uma vida cheia de amor pelo Pai Celestial, de devoção ao trabalho do Senhor Jesus Cristo e de um sentimento de paz e alegria, sempre que estendermos a mão uns para os outros.”7M. Russell Ballard, “Encontrar alegria no serviço amoroso”, conferência geral, abril de 2011
A partir do momento em que somos batizados na Igreja de Jesus Cristo, recebemos a tarefa de levar a todos o nome de Cristo. A ministração pode ser realizada por todos. Mesmo as crianças podem ministrar de diversas formas. Afinal, a ministração vai muito além de uma visita e uma mensagem, é sobre demonstrar o amor de Deus ao próximo.
Sempre que alguém ao nosso alcance tem dificuldades, sejam temporais ou espirituais, podemos ir em seu auxílio e, como ensinam as escrituras, carregar seus os fardos para que se tornem leves. É isso que o Senhor espera de nós. Chegará o dia em que será requerido de nós o nosso cuidado na ministração ao próximo.
Concluo com um trecho da música “Um por Um”, escrita pelo Elder David A. Bednar:
” Um por um, um por um.
Cristo olhou ao seu redor e suas lágrimas viu.
Um por um, um por um.
Em Sua compaixão, Ele acalmou seus temores.
Jesus Cristo curou cada um que fora trazido a Ele.
Então abençoou cada preciosa criança e por elas orou.
E os anjos desceram vindo do céu,
Cercando aqueles pequeninos e cada um sentiu Seu amor.
Um por um, um por um.
Ele intercede por cada filha e filho.”8One by One, Letra de David A. Bednar, Música de Paul Cardall, tradução livre
Referências
1 | Presidente Russell M. Nelson, “Ministrar com o poder e a autoridade de Deus”, conferência geral, abril de 2018 |
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2 | Élder Jeffrey R. Holland, “Emissários da Igreja”, conferência geral, outubro de 2016 |
3 | Élder Jeffrey R. Holland, “Estar com [eles] e fortalecê-los”, conferência geral, abril de 2018 |
4 | Presidente Henry B. Eyring, “Ama, ama, ama”, conferência geral, outubro de 2018 |
5 | Mosias 23:18 |
6 | 4 Néfi 1:15-16 |
7 | M. Russell Ballard, “Encontrar alegria no serviço amoroso”, conferência geral, abril de 2011 |
8 | One by One, Letra de David A. Bednar, Música de Paul Cardall, tradução livre |