
Graças, Sou Filha de Eva!
Enviado por Tatiana de Castro, de Itabuna, Bahia
Na hora do intervalo da escola, ao ouvir um colega de trabalho, me deparei com a seguinte observação: “Eva foi só um complemento de Adão, ela era uma auxiliar, só existiu para servir Adão.” Reconheço que, na hora, não pude deixar de rir pela ignorância dos fatos, mas disse ao meu colega que gostaria de explicar melhor a ele depois. Passei então a refletir sobre o papel de Eva no Plano de Salvação.
A origem de seu nome, já diz muita coisa: “Eva”, em hebraico, significa “vida”. Ela era a mãe de todos os viventes. Ela foi escolhida, dentre tantas outras, para ser a mãe da humanidade. Tanto Eva quanto Adão eram espíritos valentes, e foram pré-ordenados para serem nossos primeiros pais. Como isso seria possível sem a queda? Respondendo: não seria possível. A parte de Eva no Plano de Salvação era trazer a mortalidade ao mundo. Quem, em sã consciência, pode dizer que ela não cumpriu sua parte no Plano? Ela não foi uma coadjuvante, ela foi a protagonista da história.
O fruto foi comido por uma excelente razão: A queda fazia parte do Plano do Pai Celestial. Se acreditamos que Deus é onisciente, onipresente e onipotente, não imaginamos que Ele sabia o que aconteceria? O Senhor sabia que eles agiriam dessa forma. Ele poderia não ter colocado a Árvore do Conhecimento do bem e do mal, mas, em Sua infinita sabedoria, Ele sabia que era necessário. Tudo tinha um propósito, então Eva, comendo o fruto, fazia parte do Plano: Ela cumpriu o propósito a que fora designada.
Como se encontravam em um estado de inocência, não havia progresso. Não podiam exercer a inteligência emocional e espiritual pois não tinham como escolher. Eram como criancinhas. Ao comerem do fruto, seus olhos finalmente foram abertos: Eles sabiam a diferença entre o bem e o mal, eles passaram a agir por eles próprios e não somente a receber a ação. As coisas passaram a ter sentido! Não nos desenvolveríamos espiritualmente antes da queda, seria impossível, pois não havia oposição. Como saberíamos o que é doce, se só houvesse o salgado? Mesmo porque, se eles, Adão e Eva, não tivessem comido do fruto, eu e você não estaríamos aqui.
Com a queda, rompem-se as cadeias da ignorância. Eles passam a ter, então, o esclarecimento, o conhecimento necessário para decidir e a promessa de retornar à luz caso guardem os mandamentos. Sim, com a queda, sobreveio a morte, a doença, dor, infelicidade, pecado… Mas também veio junto a felicidade, o regozijo, a alegria, o perdão, a empatia, e tantas outras coisas boas. A Expiação veio por causa da queda, e a imortalidade e vida eterna vieram por causa da Expiação.
“Assim, tão certo como a salvação é decorrência da Expiação, também a salvação é decorrência da Queda.”(1)
A queda faz parte do Plano de Salvação. Se não tivesse ocorrido, não haveria a necessidade de um Redentor. Precisamos entender que foi necessária e que foi uma enorme bênção para todos nós. Se hoje temos um corpo físico, se temos o privilégio de escolher entre o bem e o mal e a promessa da vida eterna, foi graças à queda, que foi o primeiro passo.
Honro nossa mãe Eva por sua visão, pela perspectiva do que poderia se tornar. Alguns, ao falarem que Eva deu o fruto para Adão, colocam-no como se fosse “o coitadinho” do Adão, sendo ludibriado pela “astuta”, “maliciosa”, “gananciosa”, “manipuladora”, “sedutora”, “maquiavélica”, “serpente”, “a que fez o homem pecar” (entre outros adjetivos ).
Mesmo sem estar lá, imagino que foi uma decisão difícil de tomar. Sair da “comodidade” do paraíso não era fácil. Era uma decisão arriscada, que traria dor e sofrimento. Adão não foi “enganado’ por Eva, ele partilhou do fruto com ela. Sabia que ela seria expulsa e que ele ficaria sozinho no Jardim do Éden. Então, não sem dor, escolheu partilhar com “sua companheira e adjutora”, as provações, dores, enfermidades, mas também, alegrias e felicidades da mortalidade. Juntos, unidos em propósito. Eles optaram. Eles escolheram.
Eles não viveriam “felizes para sempre” no Jardim do Éden. O viver feliz para sempre implica luta, tendências a mudar, abnegação, companheirismo, generosidade, deixar de lado o egoísmo. Isso nunca seria alcançado sem “a queda”. É verdade que trouxe a miséria, tristezas, morte. Mas também trouxe posteridade, trouxe progresso, trouxe escolhas, trouxe felicidade, houve sim um regozijo muito grande. (Moisés 5:11-12) Eles transgrediram uma lei menor para cumprir uma lei maior. Não houve pecado, houve transgressão da lei, pois precisavam fazer isso, era parte essencial do plano de felicidade do Senhor. E para que possamos ter êxito no grande plano de felicidade do Pai, precisamos vencer os obstáculos, as barreiras, as tristezas, mágoas, dores, que vieram através da queda.
Viemos aqui na terra para sermos testados e tentados para ver se colocaremos o Senhor em primeiro lugar em nossas vidas, ou seja, as vicissitudes da vida são extremamente importantes, nos fazem crescer. Precisamos de oposição em todas as coisas e necessitamos ficar firmes em nosso propósito de voltar a habitar com Deus. Quando vencemos a um desafio e nos saímos bem, como nos sentimos? Vitoriosos. Felizes. Sentimo-nos vigorosos. Da mesma forma aconteceu com a queda. A provação nos faz mais fortes. Temos a oportunidade de superar nossas fraquezas, nossas imperfeições e sairmos “de cabeça erguida” da batalha da vida.
Então, chega de culpar nossa mãe Eva, pois “Cremos que os homens serão punidos por SEUS próprios pecados e não pela transgressão de Adão.”(2) (Grifo da autora) A queda seguiu avante o Plano de Deus, as coisas deixaram de ser estáticas, houve, então, progressão. Adão decidiu sabiamente partilhar do fruto. Eles participaram juntos da responsabilidade de trazer a mortalidade ao mundo, e, sem dúvida alguma, partilharão das bênçãos que o Senhor tem reservado para eles e, com felicidade, partilharão da vida eterna e exaltação.
Referências
(1) Élder Bruce R. McConkie, “Cristo e a Criação”, A Liahona, setembro de 1983, p. 9.
(2) Regras de Fé 1:2