Doutrinas Falsas: A Profecia de Néfi Cumprida em Nossos Dias

Ao finalizar seus ensinamentos ao seu povo, Néfi fez uma profecia sobre o ensinamento de falsas doutrinas nos últimos dias. Suas palavras de alerta são muito importantes, especialmente para nós, que vivemos nestes dias: “Sim, e haverá muitos que ensinarão (…) doutrinas falsas, vãs e tolas; e encherão o coração de orgulho e procurarão esconder profundamente do Senhor os seus desígnios secretos; e farão as suas obras às escuras.”¹2 Néfi 28:9

O Élder Bruce R. McConkie ensinou: “As doutrinas são ensinamentos. Estão classificadas em verdadeiras ou falsas. A doutrina verdadeira vem de Deus, fonte de toda verdade, e são os ensinamentos e conceitos encontrados no evangelho. As falsas doutrinas vêm de baixo. Sua força está em perverter, mudar e alterar a verdade revelada; assim, ao obedecer a falsas diretivas, os homens não alcançarão a salvação no mundo celestial.”²Élder Bruce R. McConkie, “Doutrina”, Mormon Doctrine

Há uma infinidade de falsas variáveis para a verdadeira doutrina. Cada ensinamento religioso incoerente com a pura doutrina do Salvador Jesus Cristo, é falso. Mesmo nas muitas igrejas cristãs, há incontáveis falsos conceitos sendo ensinados como verdade. Esses falsos conceitos são fruto da mescla das escrituras com filosofias dos homens, ou enganos produzidos por interpretações errôneas dos ensinamentos bíblicos, ou ainda derivam da tentativa de ajustar a doutrina ao mundo e seus interesses.

O Élder Bruce R. McConkie disse: “As falsas doutrinas abundam nas igrejas que negam a revelação moderna e portanto não têm um modo de comparar opiniões e conceitos para ver se se ajustam à vontade e pensamento da Deidade.”³Élder Bruce R. McConkie, “Doutrina”, Mormon Doctrine E o Presidente Joseph Fielding Smith ensinou: “Todas as igrejas pregam alguma verdade, não importa que professem crer em Confúcio, Buda, nos deuses gregos ou romanos, ou outra coisa qualquer; do contrário essas igrejas não resistiriam um mês. O fato de pregarem alguma verdade, não as torna a Igreja de Deus. Há uma só Igreja de Deus.”⁴Presidente Joseph Fielding Smith, “O Mundo Apóstata”, Doutrinas de Salvação, Vol. III

Ainda que muitos possam se alarmar com isso, mesmo em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, podemos encontrar o ensino de falsas doutrinas. O Presidente Ezra Taft Benson alertou: “Não somente existem apóstatas em nosso meio, como também doutrinas falsas são às vezes ensinadas em nossas classes e nossos púlpitos (…). E estes preceitos apóstatas fazem que nosso povo tropece (…) Cristo ensinou que devemos estar no mundo, mas não ser do mundo. Contudo, existem alguns de nossos membros que não anseiam tanto levar o evangelho ao mundo, quanto estão interessados em trazer as coisas mundanas para o evangelho. Querem eles que estejamos no mundo e sejamos dele, que gozemos da popularidade do mundo, mesmo sabendo que um profeta disse que isso é impossível, pois então todo o inferno gostaria de se juntar a nós. Valendo-se de seu próprio entendimento e de algumas escrituras mal interpretadas, tais pessoas tentam fazer com que aceitemos os preceitos e filosofias dos homens. Elas não acham que a Igreja seja progressista o suficiente.”⁵Presidente Ezra Taft Benson, Conference Report, abril de 1969

Diferente das igrejas apóstatas, nas quais o ensino de falsas doutrinas é institucionalizado, por falsas crenças, na verdadeira Igreja de Jesus Cristo o eventual ensino de falsas doutrinas se dá de modo pontual, por membros da Igreja que não compreenderam – ou não querem compreender – a verdadeira doutrina.

O Presidente Joseph F. Smith identificou quem são os santos dos últimos dias que pregam falsas doutrinas: “Entre os santos dos últimos dias, a pregação de falsas doutrinas, disfarçadas como verdades do evangelho, pode ser esperada das pessoas de duas classes, e praticamente dessas únicas. São elas: Primeira: O ignorante irremediável, cuja falta de inteligência é devida à intolerância e à indolência; são os que fazem apenas débeis esforços, se é que fazem algum, para melhorar através da leitura e do estudo; são afligidos por uma doença terrível que pode transformar-se num mal incurável – a preguiça. Segunda: Os orgulhosos e gabolas que se guiam pela luz da sua própria verdade, que interpretam segundo suas próprias normas, que se tomaram uma lei para si mesmos, e se consideram os únicos juízes dos seus atos. São mais perigosamente ignorantes que os primeiros. Acautelem-se dos preguiçosos e dos orgulhosos; a infecção em ambos os casos é contagiosa; é bom que conheçamos o caráter das pessoas que nos rodeiam, para que o limpo e o que não foi contaminado possa ser protegido.”⁶Presidente Joseph F. Smith, “Os Falsos Ensinamentos”, Doutrina do Evangelho

Uma vez que sabemos que as falsas doutrinas serão ensinadas por “muitos”, precisamos cuidar que não sejamos enganados. Mas, como identificar quando uma falsa doutrina estiver sendo ensinada? O primeiro passo relevante de proteção contra uma doutrina falsa, é conhecer a doutrina verdadeira. O estudo sério das escrituras e dos ensinamentos dos profetas vivos são a base sólida deste conhecimento. Quando sabemos a verdade, podemos identificar o erro. Felizmente, há sinais claros que nos indicam que um ensinamento apóstata está sendo apresentado.

Um desses sinais é a rejeição aos novos ensinamentos dos profetas vivos. O evangelho é dinâmico. Embora as doutrinas seja imutáveis, sua aplicação pode ser modificada ao longo do tempo, de acordo com a sabedoria do Senhor. Compreender e aceitar que mudanças e ajustes na aplicação da doutrina, apresentados pelo profeta vivo, são a vontade do Senhor para o seu povo naquele momento, e a demonstração de que a revelação continua a fluir pelos canais corretos, é fundamental para a sobrevivência espiritual dos santos.

O Élder Merrill C. Oaks falou a esse respeito: “Como as normas e procedimentos da Igreja são aperfeiçoados por revelação e inspiração contínuas, algumas pessoas ficam perturbadas quando ocorre alguma mudança. Alguns literalmente pesquisam situações nas quais os antigos líderes ou membros da Igreja fizeram declarações que não estão em completa harmonia com nossa compreensão e práticas atuais. A atitude de certas pessoas é de que qualquer coisa que seja antiga é mais correta.. (…) Nossa proteção contra falsas doutrinas reside na importante crença de revelação contínua aos profetas atuais. (…) O Presidente Lee salientou esse fato, falando sobre a resposta que deu a um homem que estava perturbado com um novo procedimento da Igreja, diferente daquele que existia na época de Joseph Smith. À pergunta desse homem, o Presidente Lee respondeu: ‘Você já pensou que o que era contrário à ordem do céu em 1840 pode não ser contrário à ordem do céu em 1960?'”⁷Élder Merrill C. Oaks, “O Profeta Vivo, Nossa Fonte de Doutrina Pura”, outubro de 1998

Outro sinal importante, é a prática constante da interpretação pessoal dos ensinamentos, em lugar da simples aceitação do que é posto pela doutrina. Quando insistimos em estabelecer como verdade a nossa própria visão sobre uma doutrina,, deixando de lado a clareza natural dela, podemos cair no erro de estabelecer uma doutrina própria, diferente da original. O Élder James E. Talmage ensinou: “O homem pode possuir todas as verdades do cristianismo, e ainda assim torná-las ineficientes, adotando outras doutrinas que anulem sua influência; ou pode apostatar, negando alguma doutrina essencial, ainda que nada introduza de herético.”⁸James E. Talmage, “Predição da Apostasia”, A Grande Apostasia

Há vários anos li um texto engraçado, que mostra o risco das interpretações pessoais.

“Conta-se que um homem rico faleceu, sem deixar um testamento formalizado. Nos seus minutos finais de vida, escreveu algumas palavras em um papel, mas não teve tempo de pontuar o texto.

‘Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres’

Sua irmã apressadamente resolveu concluir o trabalho do falecido, e, pontuando o texto, o apresentou aos demais: ‘Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.’

Ao ver aquilo, o sobrinho do falecido tratou de corrigir a pontuação, fazendo os ajustes que julgou necessários: ‘Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.’

O padeiro, assustado com a possibilidade de não receber o pagamento por seus serviços, cuidou de resolver o mistério da pontuação: ‘Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.’

O líder dos pobres da cidade, observando toda aquela criatividade, apresentou rapidamente sua versão do texto: ‘Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.'”

Assim como nesse texto fictício, as interpretações pessoais das verdades do evangelho são, em geral, motivadas por interesses próprios.

Vários são os sinais que acompanham a apostasia. Gostaria de citar apenas mais um: a tolerância e liberalidade excessivas. Somos ensinados constantemente sobre a importância do respeito aos pensamentos contrários à nossas crenças, e que devemos ser tolerantes com as pessoas que propagam o erro por palavras ou ações. Porém, há uma diferença entre a tolerância ao indivíduo e a tolerância ao erro. Com a mesma intensidade em que devemos demonstrar amor e cuidado por nossos irmãos de todas as crenças (ou que não tenham crença alguma), devemos refutar todo ensinamento apóstata que for colocado diante de nós.

O Presidente Joseph Fielding Smith disse: “Em nossos dias, ouvimos falar muito sobre ser tolerantes e liberais. Suponho que o mundo nunca saberá quantos crimes se cometeram devido à interpretação errada e equivocada desses termos. Satanás é extremamente liberal (…). Ensinará qualquer tipo de teoria, princípio, ou doutrina, desde que não condiga com as coisas fundamentais da vida – o evangelho de Jesus Cristo. Dispõe-se mesmo a ensinar certas verdades, se puder combinar verdade com inverdade e, com esta combinação, desencaminhar os homens. É assim sua liberalidade e foi assim que se deu a apostasia na Igreja primitiva.”⁹Presidente Joseph Fielding Smith, “Apostasia do Reino dos Últimos Dias”, Doutrina de Salvação, Vol. III

O que acontece com quem decide aprender ou ensinar falsas doutrinas? O primeiro fruto dessa prática é a apostasia pessoal. O Élder Bruce R. McConkie afirmou: “Pela amplitude com que os prazeres mundanos, falsas doutrinas e iniquidade são encontradas entre os santos, eles também participam do espírito da grande apostasia. (…) Se os membros da Igreja creem em falsas doutrinas, se aceitam falsas teorias educacionais; se eles caem nas práticas e abominações dos sectários; se eles usam chá, café e fumo, ou álcool; se falham em pagar dízimos honestos, se se encontram sem as bênçãos do Senhor; se jogam cartas; se fazem algo contrário às normas de retidão pessoal requeridas pelo Evangelho, então eles estão em apostasia pessoal e necessitam arrepender-se.”¹⁰Élder Bruce R. McConkie, “Apostasia”, Mormon Doctrine

As contendas e a apostasia coletiva são outros frutos da propagação de falsas doutrinas. Discórdias geradas pela discussão desmedida por questões doutrinárias são comuns quando os envolvidos não são motivados pelo amor, mas pelo orgulho e pela vaidade. O Presidente Russel M. Nelson alertou sobre estas atitude: “A doutrina divina da Igreja é o principal alvo de ataques dos espiritualmente contenciosos. Bem, eu me lembro de um amigo que costumava plantar sementes de contenda nas aulas da Igreja. Seus ataques eram invariavelmente precedidos por este comentário previsível: ‘deixe-me desempenhar o papel de advogado do diabo’. Recentemente ele faleceu. Um dia ele estará diante do Senhor em seu julgamento. Então, eu me pergunto, o comentário previsível do meu amigo será repetido novamente? (…) Dissecar a doutrina de uma forma controversa para chamar a atenção para si mesmo não agrada ao Senhor.”¹¹Presidente Russel M. Nelson, “The Canker of Contention”, Conferência Geral, abril de 1989 Essa atitude afeta o coletivo, com os santos tomando partido por este ou aquele pensamento sobre a doutrina. O Élder Bruce R. McConkie alertou sobre isso: “Dado que a verdade está sempre em harmonia consigo mesma e todos os verdadeiros santos “falam a mesma coisa”, não têm “divisões” entre eles e são “perfeitamente unidos em uma mesma mente e um mesmo parecer”, sabemos que onde há divisões e contendas está presente a apostasia.”¹²Élder Bruce R. McConkie, “Apostasia”, Mormon Doctrine

Devemos estar atentos e ser cuidadosos sobre estas questões. Em especial, os pastores do rebanho do Senhor têm o dever de certificarem-se de que a doutrina falsa não tenha lugar entre os santos dos últimos dias. Falando aos bispos, o Presidente Gordon B. Hinckley alertou: “Bispos, vocês são os atalaias na torre, vigiando a ala que presidem. Existem muitos professores em cada ala. Mas vocês precisam ser seu líder. Precisam assegurar-se de que nenhuma doutrina falsa se insinue entre o povo. Precisam assegurar-se de que eles cresçam em fé e testemunho, em integridade e retidão e em dedicação no servir. Precisam assegurar-se de que o amor deles pelo Senhor se fortaleça e se manifeste ao demonstrarem mais amor uns pelos outros.” Presidente Gordon B. Hinckley, Os Pastores de Israel E o Presidente M. Russell Ballard lembrou: “Na Igreja do Senhor, (…) não deve haver incentivos à oposição, ainda que seu propósito seja meramente a do debate intelectual. Ou a pessoa é a favor do reino de Deus e defende os profetas e apóstolos do Senhor ou é contra eles.”¹³Presidente M. Russell Ballard, Acautelai-vos dos Falsos Profetas e Falsos Mestres, Conferência Geral, outubro de 1999

O Espírito Santo é a chave. Não é possível ensinar a doutrina verdadeira sem Ele. Não é possível ensinar uma doutrina falsa com Ele. Se nos aproximarmos do Espírito Santo e permitirmos que Ele guie nosso estudo, nossos pensamentos e nossas palavras, sempre falaremos a verdade. O Presidente Henry B. Eyring afirmou: “Como precisamos da ajuda do Espírito Santo, devemos ser prudentes e cuidadosos para não ensinarmos o que não seja doutrina verdadeira. O Espírito Santo é o Espírito da Verdade. Ele confirmará o que ensinarmos, se evitarmos a especulação e a interpretação pessoal; o que pode ser difícil fazer. Amamos a pessoa a quem estamos tentando influenciar. Ela pode ter ignorado a doutrina que lhe foi ensinada. A ideia de experimentar algo novo ou sensacional é tentadora. Contudo, é quando tomamos o cuidado de ensinar somente a doutrina verdadeira que convidamos o Espírito Santo a estar presente. Uma das maneiras mais certas de não incorrermos em doutrina falsa é ensinarmos com simplicidade. A segurança está na simplicidade, e não se perde nada com isso.”¹⁴Presidente Henry B. Eyring, A Força da Doutrina, A Liahona, julho de 1999

A obediência aos preceitos corretos do evangelho nos capacita a aprendermos cada vez mais a doutrina verdadeira. Somente assim, seremos realmente convertidos. O Élder Bruce R. McConkie ensinou: “A verdadeira doutrina de Cristo é que todo homem venha a Ele, ganhe fé, se arrependa, se batize, receba o Espírito Santo e persevere até o fim para ganhar a salvação. (…) A conversão à verdade vem com a aceitação da doutrina verdadeira. (…) Em última análise, somente pode-se saber a verdade da doutrina através da revelação alcançada como resultado da obediência.”¹⁵Élder Bruce R. McConkie, “Doutrina”, Mormon Doctrine

Que estejamos alertas quanto ao aprendizado e o ensino de falsas doutrinas, por palavras e ações. E que estejamos dispostos a aprender e a ensinar a verdadeira doutrina de Jesus Cristo.