Comprometido com a obra e a glória de Deus

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Há uma diferença entre estar comprometido e ser comprometido. Eu estou comprometido com a empresa onde trabalho. Este comprometimento tem prazo de validade, durará até o dia em que o contrato de trabalho se encerrar, daí o “estar”. Eu sou comprometido com minha esposa. Este comprometimento não tem prazo de validade. É eterno e faz parte de mim, daí o “ser”.

A respeito das coisas do evangelho, precisamos ser comprometidos. Ainda assim, há vários níveis de comprometimento. Um namorado não tem o mesmo nível de comprometimento de um noivo. Um noivo, por mais amoroso e dedicado que seja, não é comprometido no mesmo nível de um esposo. Do mesmo modo, todos passamos por níveis de comprometimento como membros da Igreja. Uma criança, um jovem, um recém-converso e um membro adulto que já foi ao templo vivem diferentes níveis de comprometimento com a causa do evangelho, influenciados pela sua idade, maturidade e experiência.

Embora estes níveis de comprometimento existam, em qualquer um deles devemos ser comprometidos, e não apenas estar comprometidos. Gostaria de citar quatro princípios básicos que todos os membros da Igreja devem conhecer e viver a fim de que sejam realmente comprometidos com a obra e a glória de Deus.

1. O comprometido consagra a si mesmo

Élder Neal A. Maxwell disse que “temos a tendência de pensar na consagração somente como a doação de bens materiais, quando Deus assim nos ordena. Mas a consagração final é a entrega de si mesmo a Deus.”(1) Nesta mesma linha, o Guia para Estudo das Escrituras traz a seguinte definição para “Consagração”: “Dedicar-(se), santificar-(se), alcançar a retidão”(2).

Como saber se realmente estamos consagrando a nós mesmos, ou seja, se estamos nos entregando ao Senhor, nos santificando e alcançando a retidão? Podemos avaliar se atendemos a três premissas básicas da consagração.

a) Quando nos consagramos, eliminamos qualquer reserva pessoal.

O Senhor Jesus Cristo disse “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.”(3) A palavra “todo” não deixa brechas para qualquer possibilidade de reserva pessoal. Não existe meia consagração. Todo significa por inteiro, por completo, íntegro.

b) Quando nos consagramos, permitimos que nossa vontade seja substituída pela vontade do Pai.

Jesus Cristo permitiu que Sua vontade fosse absorvida pela vontade do Pai Celestial. O profeta Abinádi testificou disso: “Sim, desse modo será conduzido, crucificado e morto, a carne sujeitando-se à morte, a vontade do Filho sendo absorvida pela vontade do Pai.”(4)

Nada do que temos é verdadeiramente nosso, nem nosso tempo, nem nossos bens, nem nosso corpo, nem nosso espírito, pois tudo nos foi dado pelo Pai Celestial. A única coisa que temos desde quando éramos inteligências, é a nossa vontade. E a nossa vontade é tudo o que podemos oferecer ao Pai e é tudo o que Ele requer de nós. Aquele que consagra a si mesmo, consagra a sua vontade.

c) Quando nos consagramos, entendemos que a nossa condição (temporal, financeira, chamado, etc.) não é indicador do quanto Deus nos ama, pois nosso valor individual já foi determinado como “grande”.

O Senhor alertou Oliver Cowdery e David Whitmer: “Lembrai-vos de que o valor das almas é grande à vista de Deus.”(5) Este alerta, na verdade, é para cada um de nós. A nossa consagração pessoal independe das circunstâncias ou condições da vida. O valor de nossa alma é grande e devemos consagrá-la integralmente ao Senhor!

2. O comprometido compartilha da responsabilidade

Um editorial publicado no jornal Times and Seasons, afirmou: “A causa de Deus é uma causa comum, na qual todos os Santos estão igualmente interessados; somos todos membros de um mesmo corpo e todos partilhamos o mesmo espírito e fomos batizados em um único batismo e temos a mesma esperança gloriosa. O progresso da causa de Deus e a edificação de Sião são do interesse de todos. (…) interesses de grupos e particulares, desígnios exclusivos, tudo isso deve ser deixado de lado pela causa comum, o interesse do todo.”(6)

Quando nos comprometemos com a causa de Sião, não há o meu e o seu, mas apenas o nosso, que é, na verdade, do Senhor. Assim, a alegria de um é a alegria de todos, e a tristeza de um é a tristeza de todos. Paulo ensinou este princípio aos Santos em Corinto: “De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele.”(7)

O nível de nosso sentimento de responsabilidade pessoal para com o bem-estar dos Santos, para com a segurança espiritual da Igreja e para com o estabelecimento da causa de Sião são indicadores do quanto somos comprometidos com o Senhor.

3. O comprometido não exige garantias no início ou recompensas no final

Quando ainda estávamos na vida pré-mortal, e ocorreu aquele grande Conselho do qual todos participamos, vimos a diferença entre Jesus, o Filho Primogênito do Pai e já escolhido desde o princípio, que é comprometido o Pai Celestial, e o inimigo, que quis interferir no plano estabelecido, porque é comprometido apenas consigo mesmo.

A escritura diz: “E eu, o Senhor Deus, falei a Moisés, dizendo: Aquele Satanás a quem tu deste ordem em nome de meu Unigênito é o mesmo que existiu desde o princípio; e ele apresentou-se perante mim, dizendo: Eis-me aqui, envia-me; serei teu filho e redimirei a humanidade toda, de modo que nenhuma alma se perca; e sem dúvida eu o farei; portanto, dá-me a tua honra. Mas eis que meu Filho Amado, que foi meu Amado e meu Escolhido desde o princípio, disse-me: Pai, faça-se a tua vontade e seja tua a glória para sempre.”(8)

Jesus Cristo sabia o que teria que passar na vida terrena, até mesmo o Sacrifício Expiatório no Getsêmani, quando, sozinho, pagou por todos os pecados de toda a humanidade, em um sofrimento inimaginável. E, ainda assim, Ele não exigiu garantias ou recompensas pessoais. Fez tudo o que fez porque essa era a vontade do Pai e Seu comprometimento com a vontade do Pai era total.

Jó afirmou: “Ainda que me mate, nele esperarei.”(9). Quando somos comprometidos como Senhor, continuamos firmes e inabaláveis ao Seu lado, mesmo que isso signifique o nosso sofrimento ou o nosso fim terreno pelas mãos dos inimigos do Senhor.

4. O comprometido é disposto para a obra

O quanto estamos prontos para fazermos o que nos for requerido, independente do que seja e do quanto isso vai nos custar em termos financeiros e de esforço e de tempo, agora? Na causa do Senhor, precisamos ser “pau para toda obra”, e fazermos tudo com alegria. O Senhor confia em nós para isso.

O Presidente Spencer W. Kimball disse: “Jesus não tinha medo de ser exigente com os que liderava. Teve coragem de mandar Pedro e os outros abandonarem as redes de pesca para o seguirem, não depois da temporada de pesca ou após a pescaria seguinte, mas agora! Hoje! Jesus mostrava às pessoas que confiava nelas e em suas possibilidades e assim podia ajudá-las a novos e maiores feitos. Jesus acreditava em seus seguidores, não só pelo que eram, mas pelo que poderiam tornar-se. Amando os outros, podemos ajudá-los a progredir, fazendo-lhes exigências razoáveis, porém reais.”(10)

Que sejamos comprometidos com a obra e a glória de Deus como o foram Pedro e os demais Apóstolos do Senhor Jesus Cristo que, sem titubear, sem questionar, colocaram-se imediatamente à disposição do Mestre.

O comprometido consagra a si mesmo, compartilha da responsabilidade, não exige garantias no início ou recompensas no final e é disposto para a obra. Que sejamos comprometidos com a obra e a glória de Deus!

Referências

(1) Élder Neal A. Maxwell, A Liahona. Abril 2002
(2) Guia para Estudo das Escrituras, “Consagração”
(3) Mateus 22:37
(4) Mosias 15:7
(5) D&C 18:10
(6) History of the Church, volume 4, p. 609 (Extraído do “The Temple”, editorial publicado em Times and Seasons, 2 de maio de 1842, p. 776; Joseph Smith era o redator do jornal.)
(7) I Coríntios 12:26
(8) Moisés 4:1-2
(9) Jó 13:15
(10) Presidente Spencer W. Kimball, “Jesus, O Líder Perfeito”, A Liahona, Agosto de 1983.


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