A vaidade que nos cerca

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Enviado por Maxwell Freitas da Cunha, de São José do Rio Preto, São Paulo

Vaidade. Tão perto de nós, tão vívida em nós. Nós a vemos diuturnamente, mas ainda assim não a reconhecemos ou não queremos reconhecê-la, pelo menos não pelo que realmente ela é. Talvez seja pelo fato de ela fazer “bem” ao ego e ao admirarmos os outros em suas vaidades, achamos um modelo para copiar e assim termos os prestígios, elogios e atenções com que a vaidade nos recompensa.

Ao começar a falar de vaidade é bom que definamos o que vem a ser essa atitude. Talvez assim a reconheçamos mais e melhor.

A palavra vaidade origina-se nos termos latinos vanitas, vanitatis, cujo significado é vacuidade (o que é próprio do vácuo), ou seja, vazio absoluto.1https://www.dicionarioetimologico.com.br/vaidade/ O dicionário Michaelis define vaidade como “qualidade ou característica do que é vão”.2https://michaelis.uol.com.br/palavra/zanRM/vaidade/

A vaidade hoje nos cerca virtual e socialmente. Ela nos leva a uma cultura de exibicionismo, seja de nossas virtudes, seja das coisas em que somos bons ou das coisas que temos, e também do nosso corpo. Vivemos um culto exacerbado ao corpo, à aparência e à estética, o que nos leva a uma das expressões da vaidade: o narcisismo. Queremos ser admirados e elogiados e, às vezes, na busca por ser visto, por receber likes, por ser aceito, nos rendemos à vaidade.

Talvez se possa realmente aceitar o que o pregador diz em Eclesiastes que “é tudo vaidade.”3https://www.churchofjesuschrist.org/study/scriptures/ot/eccl/1?lang=por&id=2, pois parece que, a todo momento, estamos fazendo tudo por ela, para ela e com ela.

É claro que generalizar dificilmente é um acerto, pois sabemos que não somos só vaidade e nem fazemos tudo com ela. Mas, vale um exame de consciência sincero para ver o quanto nos entregamos a ela e o quanto agimos por impulso da vaidade.

O ponto mais crucial é saber o que faz a vaidade ser tão convidativa e tão praticada por nós.

A vaidade é uma espécie de autorrecompensa que aplicamos para nos elevarmos ainda mais e nos superestimarmos ao máximo. A vaidade também “massageia” o ego, ou seja, dá a nós aquela sensação de satisfação de ser importante e ser admirado. A supervalorização das curtidas nas redes sociais pode causar e levar a muita vaidade e mesmo nos cegar.

Jacó, profeta do Novo Mundo, esclarece algo sobre isso dizendo: “Oh! A vaidade e a fraqueza e a insensatez dos homens! Quando são instruídos pensam que são sábios e não dão ouvidos aos conselhos de Deus, pondo-os de lado, supondo que sabem por si mesmos; portanto, a sua sabedoria é insensatez e não lhes traz proveito. E eles perecerão.”4https://www.churchofjesuschrist.org/study/scriptures/bofm/2-ne/9?lang=por&id=28

O primeiro problema da vaidade é que ela nos ilude e não nos faz perceber a contradição maléfica e o efeito rebote que ela traz. A vaidade também nos leva ao autoengano e a dar valor ao que não tem valor. Buscar preencher-se de alegria por meio da vaidade, fará com que haja uma perseguição insistente por situações e momentos que possam gerar mais visibilidade, mais reconhecimento, mais admiração, mais visualizações e mais likes. O problema é que isso não é felicidade, pois a verdadeira felicidade não é como uma goma de mascar que, ao acabar o gosto, troca-se por outra. A felicidade é contínua e age de dentro para fora.

A vaidade, apesar de aparentar nos fazer “bem” por uma série de fatores instantaneamente compensatórios, na verdade nos faz mal exatamente pela sua essência, de ser vã e vazia. Quanto mais a alimentamos, mais ela quer ser alimentada e o preço disso é abertura de um vazio, de uma inquietação tremenda dentro de si. A consequência da vaidade é nos tornarmos exatamente como ela é: vazia, fútil, superficial e distante da realidade que deve alicerçar nossas vidas e nossas almas.

A vaidade nos apequena por nos fazer dar importância ao que é fútil, passageiro e sem importância. Um antídoto poderoso contra a vaidade é a humildade. Se temos uma benção, talento, dom, posição, dinheiro, beleza, etc., precisamos ser gratos, não vaidosos. Quanto mais dinheiro temos, mais precisamos de humildade. Quanto mais bonitos, fortes e bem-sucedidos formos, mais humildes precisamos ser, do contrário, a vaidade vai nos corromper.

Refrear a vaidade e nossa vã ambição, ou seja, nosso orgulho, é necessário, pois a vaidade impede o progresso das virtudes do caráter e da alma. Refrear a vaidade exige a busca sincera de autocontrole, autodomínio e de reorganizar e hierarquizar o que realmente tem valor em nossa vida, aquilo que tem valor, mas não tem preço. Nos dias de hoje não é uma tarefa muito fácil, mas vale a pena. Para se tornar dono de si, é preciso vencer a si mesmo, vencer sua vaidade para não ser escravo dela.

Referências
Referências
1 https://www.dicionarioetimologico.com.br/vaidade/
2 https://michaelis.uol.com.br/palavra/zanRM/vaidade/
3 https://www.churchofjesuschrist.org/study/scriptures/ot/eccl/1?lang=por&id=2
4 https://www.churchofjesuschrist.org/study/scriptures/bofm/2-ne/9?lang=por&id=28

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